Gilson Aguiar: 'trânsito é um meio e não um fim'
Imagem ilustrativa/Pixabay/domínio público

Opinião

Gilson Aguiar: 'trânsito é um meio e não um fim'

O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 12/09/2018 - 08:05

Até o mês passado 31 pessoas morreram no trânsito de Maringá. Deste total, 15 motociclistas e oito pedestres. Um dado interessante, a maioria dos mortos, como pedestres, com mais de 60 anos. Aqui há que se considerar o número de feridos diários que acabam tendo sequelas dos acidentes. Os motociclistas e pedestres são o personagens mais frágeis de um trânsito violento.

Ironicamente, Maringá é uma cidade de vias planejadas, largas, em comparação com a maioria das cidades brasileiras. As calçadas também são amplas e as faixas de pedestres em uma quantidade razoável, acima da média nacional.

O problema está nos modais e na falta de infrestrutura para um deslocamento mais seguro. O grande número de motocicletas e automóveis associam dois elementos, a comodidade e o custo. A moto passou a ser um transporte alternativo para a população de baixa renda na comparação com o transporte coletivo. Além disto, ela é associada a agilidade e liberdade de locomoção. O automóvel perde no quesito custo, mas ganha no conforto e segurança. Agora, se a questão foi tempo de deslocamento, o modal mais rápido é a bicicleta, porém, pouco seguro.

Estes elementos estão associados no trânsito em uma proporção desigual e perigosa. A grande quantidade de automóveis com sua densidade e robustez passa a ser um elemento de opressão ao pedestre e motociclista. No caso das motos, sua agilidade é o risco de ocupar as brechas arriscadas deixadas pelos carros.

Maringá precisa tomar uma atitude rápida. A mobilidade urbana precisa mudar. O transporte coletivo não pode ser associado à gratuidade da população de baixa renda exclusivamente. O ônibus não deve ser visto como o transporte dos menos favorecidos. Esta é uma visão preconceituosa, precária, retrógrada e de uma ignorância perigosa para uma convivência no ambiente urbano.

Precisamos colocar em mente que qualidade de vida está diretamente relacionada a deslocamento saudável. Evitar colocar a vida em risco. Se criarmos uma estrutura que atenda a um deslocamento dos ônibus, bicicletas e pedestres com segurança, isto será alcançado. Enquanto isso não ocorrer, vamos colher mortes em um lugar que devemos preservar a vida.

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