Opinião
Nossa vida, nossa escolha
O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 09/09/2024 - 08:00
Nosso futuro, nossa escolha
Lembro das minhas aulas como professor do Ensino Médio, quantos alunos me viam perguntar se deveriam escolher entre o desejo ou a razão. Eu devolvia a pergunta, o que é o desejo e o que é a razão. Eles achavam tão óbvio, diziam, professor, a razão é o curso superior que meus pais, minha família, as pessoas mais próximas a mim querem que eu faça; a emoção é o que desejo fazer no ensino superior.
Considerava e refletia com eles o quanto é estranho considerar que racional é o que os outros querem e emocional é o que nós queremos. Não há essa divisão. O que há é a lógica dos outros e a nossa lógica. Aquilo que nos diz respeito e faz parte de um compromisso nosso com a vida, e que não pode se confundir com o que é a lógica da vida dos outros.
Muitos talentos são represados, retirados de sua rota para que se atendam à vontade alheia. Tudo em nome de ter um futuro financeiro marcado por uma profissão que dê retorno. Para muitos pais, seus filhos precisam optar por aquilo que dá dinheiro.
Será que vale a pena uma vida inteira fazendo o que não se gosta para poder chegar onde os outros desejam que você chegue? Fazer da vida a expressão da vontade alheia. Uma vida que é “única”, pelo menos não tem como se provar ao contrário. Acredito que não, somos nós que teremos que responder pela vontade dos outros e não pela nossa.
Então, se é para errar, que seja pelas nossas escolhas.
Nossa submissão tem um preço
A comunicação tem suas tramas e seus requintes. Coisas que falamos mais do que palavras, mensagens em forma de comportamento ou um histórico de vida. Quando percebemos, ou nos damos conta, consolidamos para os outros uma percepção sobre nós que se torna uma armadilha. Enfim, nos sabotamos.
Ninguém é o que é por acaso. Somos resultado de uma vida inteira de relações carregadas de sabores e dissabores. Ao longo do tempo vão nos mostrando o conceito de valor sobre a vida, o que tem sentido e o que não tem, o certo e o errado.
Nesta vida, é que se traça em nós determinadas certezas. Aquelas que definem quem somos e para que abtitidão temos. Lembrando que grande parte das coisas que nos são apresentadas como possibilidades, são impostas. Raras são as escolhas que partem de nós e de nossa experimentação sobre a vida.
Porém, sabotar é prática cotidiana de muitas pessoas, diariamente vamos construindo ou destruindo nossa imagem. E somos sequestrados por uma percepção que distorce aquilo que somos e gera nos outros uma confiança de que sempre agimos da forma como elas esperam. Para outro, nos transformamos em pessoas previsíveis.
Esta previsibilidade gera o cárcere em que estamos envolvidos, moramos em uma prisão interior que ajudamos a construir. Esta cela pode nos colocar limites que vão se tornando o nosso maior obstáculo. Quanto mais cedo nos livrarmos dessa prisão, podemos voar mais alto ou caminhar na direção que realmente desejamos.
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