Como Maringá está se preparando para o que está por vir?
Imagem Ilustrativa | Foto: José Fernando Ogura/AEN

Estratégias

Como Maringá está se preparando para o que está por vir?

Saúde por Luciana Peña em 22/03/2021 - 09:48

O número de contaminados ainda é alto. E o número de mortes só aumenta. Para evitar o caos e permitir que aos poucos as atividades econômicas sejam retomadas, é preciso  ter estratégias bem definidas. Confira quais são as principais, de acordo com especialistas, e que estratégias Maringá está adotando.

Neste momento, com hospitais lotados, pacientes entubados no pronto atendimento, Maringá precisa garantir que não faltem os insumos indispensáveis: oxigênio e medicamentos.

No dia 13 de março, o nível de oxigênio medicinal fornecido aos 170 pacientes que estavam internados no Hospital Municipal de Maringá caiu e foi preciso que a fabricante enviasse oxigênio extra de Telêmaco Borba, a mais de três horas de viagem de Maringá. Um paciente morreu. Uma sindicância apura se houve relação entre a morte e a queda no fornecimento de oxigênio.

Para evitar uma nova intercorrência como esta, a Prefeitura de Maringá instalou um tanque de oxigênio no Hospital Municipal com capacidade para 20 mil metros cúbicos, o dobro da capacidade do reservatório que estava em operação no dia 13. A instalação foi no último sábado.

A prefeitura também abriu licitação para a construção de uma usina com capacidade de produzir 40 mil metros cúbicos de oxigênio. Conforme explica o secretário de Comunicação, Marcos Cordiolli. [ouça o áudio acima]


É uma estratégia necessária? Suficiente? Qual o grau de importância do oxigênio nesta crise sanitária que vivemos? Quem explica é o médico cardiologista e doutor em ciências, Afonso Akio Shiozaki. [ouça o áudio acima]

Outro insumo indispensável são os sedativos e relaxantes musculares. O Ministério da Saúde chegou a confiscar estes produtos em todo o país. Na sexta-feira passada, o Hospital Paraná, sem receber a remessa que tinha comprado há meses, avisou familiares de pacientes que o medicamento iria acabar e que eles poderiam tentar uma transferência de hospital se quisessem.

O prefeito Ulisses Maia garantiu que o estoque de medicamentos na rede pública de saúde dura até 15 dias. [ouça o áudio acima]

A CBN apurou, no entanto, que o Hospital Municipal pode ter dificuldades a partir de quarta-feira, se novos lotes não chegarem.

Por que os sedativos e relaxantes musculares são importantes? Não basta ter o respirador, no leito de UTI? [ouça o áudio acima]

E leitos? Maringá tem leitos suficientes? No Boletim Covid, divulgado de segunda a sexta-feira, a prefeitura informa que são 154 leitos de enfermaria e 88 de UTI adulto, exclusivos para Covid-19, na rede pública de saúde, o que inclui os leitos do Hospital Universitário, do Hospital Municipal, da UPA Zona Sul, Upa Zona Norte e os leitos em hospitais conveniados: Santa Rita, Santa Casa e Hospital do Câncer. Na última sexta-feira, a taxa de ocupação, tanto da enfermaria, quanto da UTI, era de 100%.

É possível otimizar essa estrutura? O município diz que a dificuldade é conseguir recursos humanos. Mas e se todos esses leitos fossem transferidos para um único espaço? O Hospital da Criança? Seria possível cuidar de todos estes pacientes e abrir mais leitos, com a mesma equipe de profissionais? [ouça o áudio acima]

Enquanto de um lado a atenção é aos pacientes. De outro é preciso cuidar dos positivados.
Como saberemos quem está com o vírus, sem testar?

A prefeitura de Maringá faz 200 testes por dia, mas o resultado demora até dez dias para chegar, porque as amostras são enviadas ao Laboratório Central do Estado.

O município vai comprar testes de um laboratório particular, e assim poderá ter resultados em 24 horas. O contrato será fechado esta semana. A CBN apurou que serão comprados 3 mil testes.

Mas existem 21 mil 144 casos suspeitos em investigação, de acordo com boletim lançado na sexta-feira. Será que é possível testar todas essas pessoas?

Por que os testes são estratégias importantes? Quantos testes deveriam ser feitos por dia em Maringá? [ouça o áudio acima]


Outra estratégia essencial é o monitoramento dos contaminados e dos contactantes. Como é feito em Maringá? Os servidores da Secretaria de Saúde ligam em média duas vezes por semana para a casa do paciente para perguntar como ele está e orientar que fique em casa. Eram 3.328 isolados na sexta-feira (19)

O áudio que você vai ouvir agora é de uma moradora de Maringá, com exame positivo para coronavírus. Ela precisou de atendimento médico durante a quarentena e saiu de casa. Foi de ambulância, mas voltou de carro de aplicativo. [ouça o áudio acima]

O prefeito disse que as pessoas precisam ter consciência. E disse que a saúde pública oferece sim serviço de ambulância para pacientes como no caso desta moradora. [ouça o áudio acima]

Desde o início da pandemia, o que se vê é que um infectado contamina toda a família. Por isso é tão importante a quarentena. Uma estratégia importante é informar à população sobre como deve ser feito o isolamento. O poder público não deveria lançar uma campanha educativa? [ouça o áudio acima]

E como medir a taxa de eficiência do isolamento social? Desde o dia 27 de fevereiro, estamos vivendo sob medidas restritivas. Qual o resultado? Qual a taxa de isolamento social? A Prefeitura mede o impacto das medidas? O secretário de Saúde Marcelo Puzzi disse que na região de Maringá, o número de contaminados caiu de 55 mil para 33 mil em 15 dias. Mas o número de casos confirmados aqui na cidade continua alto: 296 na última sexta-feira. Isso significa que destes, 5%, ou quase 15 pessoas, vão precisar de um leito de hospital nos próximos dias. [ouça o áudio acima]

Outra estratégia é a fiscalização. A força-tarefa de fiscais da Prefeitura e forças de segurança sai às ruas todos os dias. Pessoas são autuadas nas ruas por falta de máscaras, por desrespeito ao toque de recolher, por trabalhar internamente em lojas aos sábados. Mas onde está o perigo maior? O transporte coletivo é uma reclamação constante. O que está sendo feito?

E por fim, a estratégia da vacinação. Maringá vacinou 29 293 pessoas com a primeira dose até sábado. Nesta segunda, começa a vacinação de idosos com 75 anos ou mais. A população com mais de 60 anos em Maringá é estimada em 57 mil 409 pessoas. Falta muita gente para vacinar. A prefeitura diz que vai comprar vacinas e que tem 100 milhões de reais para isso. Não há, no entanto, nenhum contrato fechado até o momento.

 

A reportagem fez os seguintes questionamentos à Prefeitura de Maringá e aguarda um retorno:


_ Na sexta-feira (19), o prefeito garantiu que o estoque de medicamentos para entubação é suficiente para até 15 dias, na rede pública . Mas no fim de semana, fontes da CBN disseram que o HM tem medicamento suficiente até quarta-feira (24).

_ A Prefeitura está comprando 3 mil testes da Covid-19. Mas existem 21 mil suspeitos. Esses três mil testes são para quantos dias? A compra será renovada?

_ Especialistas dizem que é importante fazer campanhas educativas para ensinar a população a fazer o isolamento correto. Por exemplo: o que fazer com as roupas do isolado? A comida… enfim… A prefeitura pensa nesta estratégia?

_ Especialistas apontam que seria inteligente concentrar os pacientes das unidades HM, Zona Sul e Zona Norte, no Hospital da Criança. Seria uma forma de otimizar recursos humanos. A prefeitura concorda?

_ Qual a taxa de isolamento social desde o dia 27 de fevereiro, quando começaram as medidas restritivas?

_ Qual a taxa R ,de contágio?

_ A fiscalização está também coibindo lotação no transporte coletivo?

_ Existe alguma estimativa sobre a compra de vacinas por parte do município?

 

Atualizado em 23.03.21 às 16h50-  Confira as respostas enviadas pelo município aqui.  

 

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