Eleição a governador do Paraná de 1965

História das Eleições - Episódio 12

Eleição a governador do Paraná de 1965

Podcast por Reginaldo Dias em 17/08/2022 - 08:57

Em 1965, apesar de viver já sob o regime político comandado pelos militares em âmbito federal, o país ainda manteve o calendário para a realização de eleição direta a governador em 11 estados. O certame ocorreu com as legendas partidárias existentes antes da ruptura de 1964, mas o sistema político convivia com os efeitos do Ato Institucional que cassou os direitos de muitos líderes políticos e manteve a espada suspensa para novas temporadas. Essa seria, entretanto, a última vez que o governador seria eleito pelo voto direto até a década de 1980.   

No Paraná, o certame foi disputado por dois candidatos. Por um lado, o ex-governador Bento Munhoz da Rocha Neto, do Partido Republicano. Por outro lado, havia a candidatura do jovem advogado Paulo Cruz Pimentel, inscrito pelo Partido Trabalhista Nacional (PTN).
Bento Munhoz da Rocha Neto tentava retornar ao Palácio do Iguaçu, agora com a bagagem de ter sido ministro da Agricultura. Paulo Pimentel, aliado de Ney Braga na campanha a governador de 1960, foi incorporado à sua equipe de governo como Secretário da Agricultura.
Em 1965, deixando a secretaria da Agricultura para ser candidato por um pequeno partido, o PTN, Pimentel contou com o apoio do PDC do governador Ney Braga. O governador rompera com Bento Munhoz da Rocha, seu cunhado, de quem fora aliado no início de sua ascensão política.
O historiador Alessandro Battistella sistematizou indicadores para entender as opções dos grandes partidos nacionais. Embora o PTB se inclinasse a lançar candidatura própria, optou, em sua convenção, por aderir à coligação liderada por Bento Munhoz da Rocha. Ainda segundo Battistela, o PSD e a UDN dividiram-se e não aderiram oficialmente a nenhuma das duas candidaturas. A UDN, contudo, aderiu majoritariamente à campanha de Pimentel, enquanto o PSD dividiu-se entre os dois palanques.
De acordo com o mapeamento de Battistela, Pimentel contou com o apoio oficial do PDC e do Partido Libertador, além da maioria da UDN e de parte do PSD. Bento Munhoz da Rocha contou com o apoio oficial do PTB, do PSP, do PRP e do PST, além de uma parte do PSD, de uma minoria da UDN e de uma fração dissidente do PDC.


O resultado das urnas foi o seguinte:
Paulo Pimentel (PTN, PDC, UDN, PRT): 518.971 (53,05%)
Bento Munhoz da Rocha (PR, PTB, PSD, PRP, PSP, PST): 459.282 (46,95%).


Como se lê no livro Paraná Reinventado, Bento Munhoz da Rocha ainda era visto como um homem do Paraná tradicional, particularmente da capital, em um estado que havia promovido intensa colonização de seu interior. Desta maneira, os autores desse livro acentuam: “Bento vence na capital, sendo derrotado em praticamente todo interior, em especial no Norte que apoia maciçamente Paulo Pimentel. Em certa medida, esta é a primeira vez que o Norte faz um governador paranaense”.
Em seu livro de memórias, Paulo Pimentel destaca que sua campanha priorizou o discurso da integração do Paraná, um estado cindido entre diferentes frentes de povoamento e colonização. Afirmou Pimentel: “tinha que buscar a união, para que não houvesse uma separação do Paraná em três estados”. Em seu governo, Pimentel denominaria a sua política como “desenvolvimento integrado”. Uma das principais realizações do governo Pimentel foi a criação de três universidades públicas no interior do Paraná, em Londrina, Ponta Grossa e Maringá.

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