Polícia Civil divulga detalhes das mortes em Icaraíma e descarta sequestro

Alencar Gonçalves de Souza Giron contratou Diego Henrique Affonso para intermediar a cobrança de uma dívida que teria com os empresários Antônio e Paulo Buscariollo, pai e filho. Conversas reunidas pela Polícia Civil mostram que Alencar demonstrava receio de possíveis retaliações e que Diego insistia que não haveria risco.

As vítimas chegaram a Icaraíma em 4 de agosto e foram acompanhadas por Alencar até Vila Rica, onde tentaram negociar com os Buscariollos. Houve promessa de pagamento por meio de cessão de uma casa, como indica o áudio divulgado pela polícia

Em áudios enviados à esposa no dia seguinte, Diego relatou que um dos envolvidos estaria armado. Apesar disso, ele afirmou que retornaria ao local para tentar resolver a cobrança.

O itinerário das vítimas foi reconstruído com base em imagens de câmeras de segurança. No dia 05 de agosto, às 12h04 foi registrada a saída definitiva da Fiat Toro onde estavam os cobradores de Icaraíma rumo à propriedade em Vila Rica, onde morreriam. Às 13h04, a Fiat Toro foi flagrada em alta velocidade trafegando em direção ao local onde os corpos seriam enterrados. Segundo a polícia, as vítimas já estavam mortas naquele momento depois de uma emboscada no acesso à propriedade. A Polícia Civil afirma que os tiros começaram quando as vítimas ainda estavam dentro do veículo. Alguns disparos ocorreram a curta distância.

O carro foi atingido por disparos na frente, na traseira e pelo lado esquerdo com cinco armas distintas, reforçando a participação de múltiplos atiradores. Segundo o laudo da perícia, a presença de sangue na cabine do veículo e o padrão das perfurações afastam a hipótese de que as vítimas tenham sido mantidas vivas após os disparos. Após a execução, os corpos foram retirados da Fiat Toro e levados até uma área de mata onde foram enterrados. O carro também foi ocultado posteriormente em um bunker. Peças da Fiat Toro foram achadas na mesma cova, o que indica que se desprenderam durante a retirada apressada dos corpos, que foram localizados apenas no dia 18 de setembro.

A Polícia Civil informou que dois agentes que atuavam em Icaraíma foram alvo de mandados de busca e apreensão após surgirem indícios de comunicação entre eles e os investigados após o crime. Segundo o órgão, não há indícios de participação desses agentes nas execuções. A apuração busca verificar se informações internas podem ter sido repassadas para facilitar fuga ou destruir provas. Ambos serão removidos da unidade enquanto a investigação corre na Corregedoria. A Polícia Civil afirma que informações sobre autoria seguem sob investigação e não serão divulgadas até a conclusão dos trabalhos.