CBN Maringá

Tema delicado e urgente

Falar sobre violência contra professores é tratar de um tema profundamente delicado — especialmente para quem dedica a vida à educação ou simplesmente se importa com ela. No Brasil, esse problema tem ganhado proporções alarmantes. Os números variam conforme o instituto de pesquisa, mas todos apontam para uma realidade preocupante e crescente.

Em 2023, um estudo conduzido pela Nova Escola, em parceria com o Ame Sua Mente, revelou que 52,3% dos professores brasileiros já sofreram algum tipo de violência ou agressão. O dado por si só é chocante, mas o cenário se torna ainda mais grave quando comparado com os números de 2018: houve um aumento de 50% em apenas cinco anos.

Quebra da autoridade e o descaso com a educação

O crescimento da violência contra professores reflete, de forma evidente, o descaso com a educação no país. Mas revela também algo mais profundo: a perda simbólica do papel do professor como autoridade e referência social.

Hoje, em muitos contextos, o educador deixou de ser visto como uma figura de respeito, e passou a ser percebido como alvo de críticas, hostilidades e até de ódio. Em vez de ser o modelo a ser seguido, o professor se tornou, para alguns, o "inimigo" a ser combatido.

Segundo a mesma pesquisa da Nova Escola/Ame, a maior parte das agressões parte dos alunos, responsáveis por 44,3% dos casos.
Em seguida, aparecem os pais ou responsáveis, com 23%, e até mesmo funcionários das próprias instituições figuram nas estatísticas, correspondendo a 16,1% das agressões.

Peso da agressão moral

Entre as diversas formas de violência relatadas, a agressão moral — especialmente a ofensa verbal — é a mais frequente. De cada 10 ocorrências, 7 envolvem insultos, humilhações ou palavras de desrespeito.

A pesquisa mostra ainda que, entre os educadores, 7 em cada 10 afirmam já ter sofrido algum tipo de agressão. Ou seja, praticamente todos os professores brasileiros ou já foram vítimas diretas ou conhecem de perto alguém que foi.

Por que o professor é o inimigo?

Essa pergunta é inevitável: por que o professor se tornou alvo de tanta hostilidade?
A resposta, talvez, esteja no papel simbólico que o educador ocupa na sociedade. O professor é, muitas vezes, aquele que nos confronta com nossos próprios limites — nossa ignorância, nossas falhas, nossa falta de preparo e, por vezes, nossa natureza mais primitiva.

Quando o indivíduo se depara com sua própria limitação intelectual ou emocional, a tendência pode ser reagir com violência e desprezo. Assim, como observa o autor da fala, “quando se está diante do ignorante ou do animal, quem será agredido é o civilizado.”

Conclusão: um espelho da nossa ignorância

A violência contra professores não é apenas um problema das escolas — é um espelho da sociedade brasileira. Reflete a desvalorização do conhecimento, o enfraquecimento do respeito e a crise das relações humanas.

Proteger o professor é proteger a própria educação, e, portanto, o futuro do país. Reconhecer a gravidade desse problema é o primeiro passo para reconstruir a dignidade de quem dedica a vida a ensinar.

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