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A semana na História
8 de dezembro de 1980: 45 anos sem John Lennon
A semana na História por Reginaldo Dias em 08/12/2025 - 11:50Alguns acontecimentos de grande repercussão pública fazem a gente se lembrar onde estava e o que estava fazendo quando recebeu a notícia. Embora a maioria desses acontecimentos venha da arena política, também há fatos culturais de grande capacidade de mobilização de memórias e afetos. Um fenômeno dessa ordem ocorreu em 8 de dezembro de 1980, quando o ex-beatle John Lennon foi assassinado defronte do condomínio em que morava, na cidade de Nova Iorque.
O conjunto musical The Beatles foi um fenômeno cultural sem paralelos. A década de 1960, quando eles atingiram o estrelato, foi um período caracterizado pela rebeldia juvenil e pela música rock como expressão dessa rebeldia. Antes daquele período, a juventude era vista apenas como uma fase de preparação para a idade adulta. A década da rebeldia foi o período em que a juventude ganhou um estatuto em si mesma, com a revolução comportamental, formas específicas de vestimentas, cabelos compridos etc. Falava-se em conflitos de gerações. Como cantava o brasileiro Belchior, os poetas dessa geração formularam a ideia de uma nova consciência e juventude.
Alguém já disse que o poeta é uma antena do seu tempo. Houve várias antenas de grande repercussão na década de 1960, mas a que teve mais alcance, sem dúvida, foi a da música dos Beatles, que combinava alcance de massa com qualidade artística inovadora no ambiente da música popular conhecida como rock. Sintetizando o espírito de sua época, os Beatles produziram obras-primas que encantam, ainda hoje, as gerações que não viveram aquele período. Eles não criaram o movimento, mas fizeram parte essencial da trilha sonora.
John Lennon era o rosto mais rebelde do quarteto de Liverpool. No ambiente de politização crescente do período, aderiu a uma visão utópica de mundo, traduzida na canção Imagine, e também foi protagonista de ativismo pacifista pelo fim da guerra do Vietnã ou de todas as guerras.
Depois de travar tantos embates, alguns durante a fase dos Beatles e outros depois que eles se separaram, Lennon se cansou dessa espécie de messianismo e refugiou-se na vida doméstica, dedicando-se a cuidar de sua casa e do filho caçula recém-nascido. Em 1980, quando foi assassinado, preparava um retorno ao mundo fonográfico, produzindo um disco em que exaltava o amor de homem maduro por Yoko Ono e pelo filho. Produziu, nesse disco de retorno, uma interessante canção em que dizia algo assim: as pessoas dizem que estou louco, porque não estou mais no centro dos acontecimentos. Querem saber se não sinto falta daquela roda viva. E ele explica: agora estou apenas olhando a roda da história girar. É assim que eu gosto.
Na sua fase mais politizada, morando em Nova Iorque e mantendo relações estreitas com o movimento pacificista dos EUA, Lennon era um alvo fácil aos extremistas, em um país que havia, em 1968, assassinado Bob Kennedy e Luther King. É uma amarga ironia que tenha sido assassinado quando estava refugiado na vida doméstica. Também é uma ironia amarga que o assassino, em tese, fosse uma espécie de fã desiludido. É difícil definir o assassino de John Lennon como um fã. Beto Guedes, em uma canção inspirada, assim cantou: “quem souber dizer a exata explicação me diz como pode acontecer/ um simples canalha mata um rei em menos de um segundo”. Com voz pungente, Beto Guedes indaga: oh minha estrela amiga, por que você não fez a bala parar?
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