Entre os ouvidos há boca: o desafio de não falar e ouvir
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Opinião

Entre os ouvidos há boca: o desafio de não falar e ouvir

O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 25/09/2025 - 08:00

Dois ouvidos, uma boca: um conselho antigo e pouco praticado

Minha mãe sempre dizia que temos dois ouvidos e uma boca para ouvir mais e falar menos. Um ensinamento simples, mas raramente aplicado. Na prática, o que mais se vê é o contrário: pessoas que falam muito e escutam pouco. Poucos são os que realmente têm a capacidade de ouvir atentamente e demonstrar interesse genuíno pelo que o outro diz.

A sedução da aparência sobre a essência

Curiosamente, essa dificuldade de ouvir conecta-se a outro traço humano: a valorização da aparência em detrimento da essência. Embora muitos defendam que deveríamos conhecer o ser humano em profundidade — entender suas qualidades, sentimentos e histórias —, a realidade é que grande parte das pessoas se contenta com julgamentos superficiais. A aparência se torna o critério dominante, ainda que frágil e enganoso.

O julgamento superficial como regra

O problema é que julgamos com rapidez e, muitas vezes, sem interesse real em conhecer o outro. Para alguns, a primeira impressão se transforma em sentença permanente. Não se trata apenas de superficialidade, mas da ausência de disposição em compreender verdadeiramente o que está sendo analisado. Em vez de buscar a essência, preferimos manter a imagem rasa que construímos.

Entre a curiosidade e a fofoca

Fala-se muito sobre a necessidade de se aprofundar no conhecimento sobre os outros. Contudo, em muitos casos, esse discurso não passa de um pretexto para fofoca. A verdadeira curiosidade sobre quem as pessoas são, o que pensam, as lutas que enfrentam e as virtudes que carregam é rara. Em geral, o interesse está em falar de si mesmo ou emitir julgamentos simplistas sobre a vida alheia.

Superficialidade: um vício coletivo

Se as aparências enganam, talvez seja porque os seres humanos desejam ser enganados. Afinal, é mais fácil olhar para si do que abrir espaço para compreender o outro em sua complexidade. O resultado é um esvaziamento das relações: sem profundidade, não há vínculos duradouros ou significativos. E assim, a superficialidade segue triunfando sobre a autenticidade.

 

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