Gilson Aguiar: 'apreensão aumenta na proporção do consumo'

Em todo o país, diferente de uma tendência mundial, há um crescimento no consumo de drogas. Os dados são da ONU, através da Agência para drogas e Crimes UNODC. Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal, conseguidos pelo G1 através da Lei de Acesso a Informação, o número de apreensões de drogas pela Polícia Rodoviária Federal cresceu 63% em 2017. De Cocaína o crescimento foi de 31%, de Maconha 64%. O aumento foi maior nas regiões de fronteira.

A questão é, o número de apreensões aumentou pela eficiência do aparato de segurança ou pelo aumento do consumo das drogas? A resposta a esta questão gera polêmica. Mas alguns números podem nos ajudar a responder.

Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2016, aponta que o consumo de drogas lícitas e ilícitas entre adolescentes e jovens cresceu. A bebida alcoólica é líder de consumo com um aumento de 53% em relação a 2015. Entre as regiões de maior consumo de álcool está o Sul do país. Os três estados estão entre os quatro de maior consumo.

O uso de crack tem aumento entre estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental, 9%. E a dependência química é um dos fatores de abandono da escola por parte da população de baixa renda. O custo de manutenção das drogas acaba por levar ao envolvimento no tráfico e a exposição à violência.

Se ficamos felizes por considerarmos nos meios de comunicação o número de apreensões, temos que considerar o aumento do consumo.

A variação dos tipos de drogas oferecidas e a facilidade de acesso aumenta a possibilidade de consumo. Os ambientes propensos ao consumo e tráfico geram um “campo fértil” para a violência, o aumento do número de homicídios, por exemplo.

Logo, não há muito o que comemorar, mas nos preocupar.