25 de agosto de 1961: a renúncia do presidente Jânio Quadros
A semana na História

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25 de agosto de 1961: a renúncia do presidente Jânio Quadros

A semana na História por Reginaldo Dias em 25/08/2025 - 11:50

Em 25 de agosto de 1961, o povo brasileiro recebeu, sem entender as razões, a notícia de que o presidente Jânio Quadros havia renunciado. Tendo tomado posse em 31 de janeiro daquele ano, governou menos de sete meses.

Jânio Quadros era o maior fenômeno eleitoral que o país conhecera, protagonista de uma impressionante escalada que começou, em 1947, quando era suplente de vereador em São Paulo. Depois disso, foi eleito, sucessivamente, deputado estadual por São Paulo em 1950, prefeito de São Paulo em 1952, governador de São Paulo em 1954. Para aguardar a campanha presidencial, ainda foi eleito deputado federal, em 1958, pelo Paraná. 

Com uma personalidade magnética e um estilo peculiar de oratória, Jânio Quadros fizera carreira por pequenas legendas partidárias, vestindo o manto do candidato antissistema, o homem providencial que vinha para liderar a regeneração e a moralização do sistema político.

Na eleição presidencial de 1960, Jânio Quadros foi lançado por duas legendas pequenas, o Partido Trabalhista Nacional e o Partido Democrata Cristão, mas obteve aliança com a UDN, o grande partido liberal conservador do período. Cansada de perder eleições presidenciais, a UDN decidiu se aliar a um candidato que dialogasse com o povão e que não fizesse parte do campo político formado por Getúlio Vargas. 
 
A campanha de Jânio Quadros imprimiu um tom fortemente moralista à disputa presidencial, como expressa o símbolo adotado, de fácil apelo popular: a vassoura que vinha varrer a bandalheira. Largando como favorito, Jânio Quadros obteve uma vitória tranquila, totalizando 48,26% dos votos. O segundo colocado, o Marechal Henrique Lott, obteve 32%.

Naquela época, o vice-presidente era eleito em cédula própria, permitindo que o eleitor votasse em um presidente de uma chapa e em um vice de outra. Com isso, o trabalhista João Goulart foi reeleito vice-presidente.

Realizando um governo errático e acumulado conflitos com o vice-presidente, com o Congresso Nacional e até mesmo com os seus aliados da UDN, Jânio Quadros deixou o país perplexo quando renunciou à presidência em 25 de agosto de 1961. Ele nunca forneceu uma explicação convincente para esse gesto dramático, mas a literatura especializada interpreta que Jânio Quadros, movido pelo sentimento de que era um homem providencial, amado pelo povo, acima dos partidos e das instituições, criou um grande impasse político visando a um retorno triunfal. Ou seja, prevendo que as forças conservadoras iriam vetar a posse de seu vice, o trabalhista João Goulart, Jânio Quadros julgava que haveria uma aclamação para que ele permanecesse no cargo. Ele poderia, então, governar com mais força, acima das instituições.  

De fato, a posse do vice-presidente João Goulart foi vetada pelos ministros militares, gerando uma gravíssima crise política. A renúncia de Jânio Quadros, porém, foi aceita imediatamente, em razão do isolamento político que vivenciou em seu curto mandato. O país viveu dias de tensão, sob a gestação de um golpe de Estado e na fronteira de uma guerra civil.

Ouça "A Semana na História" toda segunda-feira, com o professor e historiador Reginaldo Dias, às 11h50, com reprises às 14h50


 

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