
A semana na História
A semana na História
Nesta semana, comemoramos o feriado de 1º. de maio, normalmente citado como o dia do trabalho, quando, na verdade, é o dia de quem executa o trabalho, ou seja, é o dia do trabalhador. A data simboliza a luta dos assalariados por condições dignas de trabalho e salário.
Na origem da sociedade capitalista, mesmo nos centros econômicos mais desenvolvidos, as condições de vida e trabalho dos operários eram bastante precárias. Para homens, mulheres e crianças, as jornadas de trabalho eram exaustivas, variando de 12 a 16 horas por dia. No âmbito da grande política, prevalecia a democracia censitária, que restringia o direito a votar e ser votado a quem tinha uma renda mínima. Estávamos distantes, ainda, do sufrágio universal.
Esse conjunto de limitações estimulou a organização no mundo do trabalho em sindicatos e o estabelecimento de formas de ação direta dos assalariados como meio de conquista de direitos. Uma das principais bandeiras era a jornada de 8 horas de trabalho. A reivindicação partia do princípio de que um terço das 24 horas do dia era para o trabalho, um terço para dormir e o outro terço para família, lazer, cultura etc.
Com o objetivo de conquistar a jornada de 8 horas, os operários dos Estados Unidos desencadearam, em 1º. De maio de 1886, uma greve geral de largas proporções, que contou com a adesão de centenas de milhares de trabalhadores. Em Chicago, houve confronto com forças policiais, gerando mortos. Alguns líderes operários foram indiciados judicialmente. Cinco deles foram condenados à morte por enforcamento. Outros três foram condenados à prisão perpétua.
Desde 1889, as organizações do mundo do trabalho estabeleceram o dia 1º. de maio como data de mobilização por direitos, em homenagem aos mártires de Chicago. Com o tempo, à medida que os direitos trabalhistas foram institucionalizados em vários países, a data também foi institucionalizada, tornando-se feriado.
No Brasil, a institucionalização dos direitos trabalhistas foi lenta. Em 1886, por exemplo, ainda havia trabalho escravo em nosso país. Durante a primeiro república, embora houvesse vigorosos movimentos em favor da jornada de 8 horas e de outros direitos, a questão social, segundo a frase atribuída ao presidente Washington Luís, era uma questão de polícia, ou seja, só era tema de política pública quando se tornava um tema da segurança.
Foi o presidente Getúlio Vargas que institucionalizou, no início da década de 1930, os principais direitos trabalhistas, a começar pela jornada de 8 horas. Na segunda metade da assim chamada Era Vargas, durante o Estado Novo, o 1º. de maio tornou-se uma data de mobilização do governo brasileiro, visando ao estreitamente de laços entre o presidente e os trabalhadores. Havia um grande evento, com a presença do presidente, que anunciava algum benefício social, entre os quais a instituição do salário mínimo e a Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT.
Em razão do apelo social da data, regimes governamentais de direita e de esquerda tentaram apropriar-se do feriado para vinculá-lo aos seus objetivos políticos. Não obstante essas tentativas de instrumentalização de seu significado, o 1º. de maio é um feriado instituído em memória da ação de agentes do mundo do trabalho e tornou-se uma data convocatória para que a sociedade pense o longo caminho da conquista, preservação e ampliação dos direitos sociais, sem os quais a democracia é um rito abstrato.
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