CBN Maringá

Vivemos um tempo de transformações profundas nas formas como nos relacionamos e nos reconhecemos como seres humanos. Essas mudanças são visíveis nos ambientes sociais e corporativos, e especialmente nas identidades que as pessoas escolhem afirmar. Diante dessas mudanças, surge uma pergunta essencial: estamos preparados para aceitar o outro como ele é, sem que isso nos afete ou interfira nas nossas próprias escolhas?

O Impacto da Coragem de Ser

Recentemente, presenciei um momento marcante. Um jovem, em sala de aula, assumiu publicamente sua identidade de gênero. Um ato de coragem, de afirmação do próprio ser. Contudo, o que deveria ser acolhido com empatia e respeito causou impacto, resistência e preconceito.

Esse episódio revelou uma verdade desconfortável: muitas pessoas não estão preparadas para o que é diferente. Diante do novo, do que foge à norma, optam pelo silêncio, pelo julgamento velado, pela crítica escondida. Não confrontam diretamente, mas comentam em pequenos grupos, alimentando o preconceito nos bastidores da convivência.

O Isolamento do Diferente

É comum que o ser humano que não se encaixa nos padrões considerados “corretos” seja isolado. Quantos de nós, diante da adversidade, silenciamos em vez de acolher? O tempo revela o pensamento real de muitos: marginalizam, evitam, ignoram. E mais grave: distorcem a função ou a competência profissional de uma pessoa com base apenas em sua identidade.

Identidade Não Define Capacidade

A identificação de uma pessoa não determina sua competência, sua ética ou sua atitude profissional. Ainda assim, vemos indivíduos sendo rejeitados por simplesmente não corresponderem à expectativa ou à aceitação alheia. Essa rejeição é um reflexo de um julgamento moral, que não deveria ter espaço em ambientes profissionais — nem em nenhum outro.

Quantas vezes pessoas são prejudicadas em suas rotinas e oportunidades de vida apenas porque outros se arrogam o direito de julgar? O preconceito, infelizmente, ainda guia atitudes e decisões. E nos cabe perguntar: para que serve tanto preconceito? O que se ganha com ele, além da exclusão e do empobrecimento das relações humanas?

Reflexão e Ação

O respeito à identidade do outro é uma condição essencial para uma sociedade mais justa e humana. Aceitar o outro não significa concordar com tudo, mas reconhecer que todos têm o direito de ser quem são, sem sofrer discriminação ou marginalização.

Que possamos refletir sobre nossas atitudes, palavras e silêncios. Que sejamos capazes de transformar ambientes hostis em espaços de acolhimento.

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