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A semana na História
24 de dezembro de 1956: prefeito Américo Dias Ferraz é alvo de atentado no centro
A semana na História por Reginaldo Dias em 22/12/2025 - 11:50Em 24 de dezembro de 1956, quando Maringá se preparava para os festejos de Natal, ocorreu um fato que chocou o povo do jovem município: o prefeito Américo Dias Ferraz, eleito naquele ano e empossado poucos dias atrás, havia sido vítima de um atentado violento em uma barbearia no centro da cidade, na Praça da Rodoviária, atual Praça Napoleão Moreira da Silva.
Américo Dias Ferraz foi um personagem emblemático da aventura pioneira. Homem de origem humilde, consta que era peão de fazenda antes de vir para Maringá em busca do sonho do Eldorado cafeeiro, lema da propaganda da companhia de terras. Aqui chegando, começou a ganhar a vida como vendedor ambulante e, dotado de agudo tino comercial, conseguiu enriquecer. Não está bem documentado como enriqueceu, mas sabe-se que ganhou dinheiro com o comércio de café. Segundo a memória de seus contemporâneos, teve a sorte de ter café estocado quando uma poderosa geada elevou o preço da rubiácea.
Escalando a montanha financeira, Américo Dias Ferraz quis ser chefe político. Em uma campanha eleitoral empolgante, suplantou adversários formidáveis, como Ângelo Planas e Haroldo Leon Peres. Sua campanha resvala no folclore, visto que tocava viola em vez de discursar, recurso utilizado para compensar a falta de dotes retóricos. Menosprezado pelo advogado Leon Peres, talvez o maior orador da história de nossa cidade, usou o símbolo do violeiro que falava a língua do povo. Além disso, enquanto outros diziam que iriam consertar as precárias ruas se fossem eleitos, ele comprou uma motoniveladora e passou a consertar as ruas já em campanha. A cereja do bolo era a informação de que a motoniveladora era propriedade dele. Ou seja, era um homem de ação e de posses. Não ganhou a eleição por ser um homem humilde, mas por ser um homem humilde que chegou lá, realizando o sonho de conquistar o Eldorado.
Impetuoso, Ferraz anunciou informalmente que iria rever a concessão do matadouro municipal. O mandante do atentado foi Aníbal Goulart, cujos negócios eram suficientemente amplos para ter interesse no matadouro e em patrocinar limpeza de áreas de litígio de terras com jagunços. Contrariado, em vez de usar os meios institucionais para defender seus interesses, Goulart ordenou que um jagunço executasse o ato violento contra o prefeito.
Como Américo Dias Ferraz, recém-empossado, estava no auge da popularidade, muitos moradores, revoltados, sitiaram a casa de Goulart e a incendiaram.
Mais tarde, as autoridades e os líderes empresariais, reunidos na Associação Comercial, manifestaram solidariedade ao prefeito e articularam medidas para controlar a situação e restabelecer a ordem pública.
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